dimanche, octobre 31, 2010

Le Theâtre Grand Guignol

O teatro Grand Guignol, situado no 9º arrondissement de Paris, foi extremamente popular no fim do século XIX e início do século XX por oferecer um tipo de entretenimento muito diferente daquele dos outros teatros parisienses.

O Grand Guignol especializava-se em espetáculos de horror.
O Grand Guignol foi fundado em 1894 por Oscar Méténier, que planejava apresentar peças de caráter naturalista. Com 293 lugares, era o menor teatro de Paris. O nome Grand Guignol era uma homenagem à Guignol, uma personagem de teatro de marionetes de Lyon.

Sob a direção de Méténier, o Grand Guignol começou a produzir peças que focavam numa parte da sociedade que não era considerada um assunto desejável para os grandes teatros da época: prostitutas, criminosos, meninos de rua, enfim a "ralé" da sociedade parisiense. Sua intenção era mostrar a "realidade" no palco, e se afastar das peças românticas e "água com açucar" então muito populares. Ao assumir a direção do teatro em 1898, Max Maurey mudou a radicalmente o tipo de espetáculo apresentado. Os temas polêmicos foram transformados em espetáculos de horror, com ênfase no macabro e na violência. A partir de 1914, o novo diretor, Camille de Choisy refinou os efeitos especiais e cenário, criando o estilo cenográfico exagerado que se tornou a marca do Grand Guignol. Jack Jouvin, diretor a partir de 1930, mudou o estilo das apresentações, se concentrando no horror psicológico.

O Grand Guignol apresentava peças que levavam a idéia de "naturalismo" e "realismo" às últimas consequencias. Estórias de horror, morte, crime e insanidade eram representadas com direito a cenas de violência explícita e efeitos especiais macabros.O sucesso de uma peça era medido pelo número de pessoas que desmaiavam durante uma apresentação: a média era de dois desmaios por noite. Para se ter uma idéias algumas dessas peças tinham títulos charmosos como "A última tortura" , "Eutanásia", "Jardim dos suplícios" e "Laboratório de Alucinações". Paula Maxa, principal atriz da companhia de 1917 até os anos 30 ficou conhecida como "a mulher mais assassinada do mundo": estima-se que suas personagens tenham sido assassinadas mais de 10.000 vezes e violentadas pelo menos 3.000 vezes. Para reforçar o efeito, as peças de terror eram alternadas com peças humorísticas, de modo a deixar o público relaxado e "de guarda baixa" para os momentos em que o sangue começasse a jorrar. Espectadores lotavam o teatro, esperando nada menos que o mais sórdido que a companhia pudesse oferecer. Na sociedade burguesa da Paris fin-de-siècle, o Grand Guignol era uma experiência catártica.

O Grand Guignol atingiu o ápice de sua popularidade entre a Primeira Guerra e os Anos 30 (justamente quando seus efeitos especiais se tornaram mais refinados e realísticos), mas após a Segunda Guerra começou a perder audiência, até ser fechado em 1962. De acordo com Charles Nonon, último diretor do estabelecimento, o horror de mentirinha do Grand Guignol tinha sido eclipsado pelos horrores verdadeiros do Holocausto. "Nos nunca nos igualaríamos a Buchenwald" ele teria declarado "Antes da guerra, todos achavam que o aquilo que mostrávamos no palco era impossível. Mas agora sabemos que essas coisa, e coisas ainda piores, acontecem na realidade."

Atualmente o termo "grand guignol", de onde vem o adjetivo "grand-guignolesque", se refere à entretenimentos baseados no horror e no macabro, frequentemente ao estilo "sangue e tripas". Apesar de extinto, a influência do Grand Guignol ainda pode ser sentida hoje em dia na maioria dos filmes de terror que ainda empregam várias técnicas de "mise-en-scene" e clichés surgidos em suas peças. Mas, certamente não existe mais lugar para um teatro como o Grand Guignol no mundo conteporâneo. é verdade que a fascinação macabra e voyerística que o ser humano tem pela a violência e pelo bizarro, que era sem dúvida o que levava aos parisienses a lotarem o teatro no passado, persiste ainda hoje (Prova disso é a quantidade de sites na internet onde podemos assistir vídeos de assassinatos, torturas e outras coisas cabulosas). Mas, depois de duas grandes guerras, duas bombas atômicas, trocentos genocídios, milhares de ataques terroristas e da violência massificada que assombra nosso cotidiano, o Grand Guignol fica parecendo brincadeira de criança: estamos anestesiados. Vale também lembrar que nas peças do Grand Guignol, ao contrário da vida real, os maus geralmente eram punidos no final, e o público podia voltar para casa certo de que tudo aquilo que tinha acabado de ver era só faz de conta...


Para saber mais: http://www.grandguignol.com/ (inglês)


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