mardi, mars 01, 2011

Annie Girardot (1931-2011)

Texto original publicado em http://pipocamoderna.mtv.uol.com.br/?p=69075. Todos os direitos reservados a Marcel Plasse. Vídeo por :Pajaable2( http://www.youtube.com/user/Pajaable2)


Annie Girardot (1931 – 2011)

Morreu a atriz francesa Annie Girardot, a heroína do filme “Rocco e Seus Irmãos” (1960), clássico absoluto do cinema mundial, que nos últimos anos enfrentou com coragem uma luta pública contra o Mal de Alzheimer. Faleceu nesta segunda-feira (28/2) em um hospital de Paris, aos 79 anos.
O presidente francês Nicolas Sarkozy lamentou sua morte em nota oficial: “Não é apenas uma das figuras mais inesquecíveis do cinema francês dos últimos 50 anos que nos deixa, mas uma atriz que brilhou em toda a Europa depois de ter encarnado o papel de Nadia, a heroína de ‘Rocco e Seus Irmãos’”.
Annie estreou no cinema em “Treize à Table” (1955), de André Hunebelle, e fez uma dúzia de filmes franceses antes de ser selecionada por Luchino Visconti, em 1960, no seu primeiro grande papel dramático, ao lado do mito francês Alain Delon e do ator italiano Renato Salvatori, seu futuro marido.
Visconti tinha escrito a personagem Nadia para Jeanne Moreau, musa da novelle vague, mas ela não estava disponível. Como queria muito uma atriz francesa, Annie Girardot teve a grande chance de sua carreira. E agarrou com unhas e dentes. Não faltam críticos que sustentam que a atuação de Annie em “Rocco e Seus Irmãos” é simplesmente a maior interpretação feminina da história do cinema.
Destacou-se também em “O Vício e a Virtude” (1963), de Roger Vadim, “Os Companheiros” (1963), de Mario Monicelli, “La Donna Scimmia” (1964) e “Dillinger Morreu” (1969), ambos de Marco Ferreri, em “Viver por Viver” (1967), de Claude Lelouch, e “Morrer de Amar” (1971), de André Cayatte. Mas só veio a ganhar o seu primeiro prêmio francês em 1976: o César (o Oscar francês) de Melhor Atriz por seu papel em “Docteur Françoise Gailland”, de Jean-Louis Bertucelli, como uma médica sobrecarregada de trabalho, que negligencia a família, é traída pelo marido e abandonada pelo amante.
Após um começo de carreira marcado por papéis sensuais – foi uma prostituta em “Rocco” e representou “O Vício” para Roger Vadim – Annie se reinventou como a mulher oprimida do imaginário francês. Em seu auge, na década de 70, suas personagens frágeis e sem glamour lhe valeram a fama de anti-Brigitte Bardot do cinema francês – curiosamente, as duas chegaram a contracenar em 1970, no filme “A Noviça”.
Annie se tornou a imagem idealizada da mulher comum, num contraste notável com a sexualidade exuberante das estrelas de sua época, criando uma identificação quase instantânea entre seus filmes e o público feminino.
Depois de algum tempo fora das telas na década de 80, ela retornou para viver nova fase de consagração e protagonizou um dos momentos mais emocionantes da história do César, quando recebeu o prêmio de Melhor Atriz Coadjuvante em 1996, por “Os Miseráveis”, de Claude Lelouch. Emocionada, disse na ocasião: “Eu não sei se fiz falta ao cinema, mas senti uma falta louca e dolorosa do cinema francês”.
Lelouch, por sinal, foi um dos cineastas que soube tirar o melhor da atriz. A cena final, sem diálogos, de “Viver por Viver”, sintetiza todo o filme em seu rosto. Ao ser informado da morte de Anne Girardot, o diretor a chamou de “talvez a maior atriz do cinema francês do após-guerra”. “Ela permanecerá minha mais bela lembrança como realizador e como homem”, completou.
Suas últimas interpretações importantes foram em dois filmes do austríaco Michael Haneke, “A Professora de Piano” (2002), em que viveu a mãe de Isabelle Huppert e pelo qual ganhou o seu terceiro César, e “Caché”, (2005), com Juliette Binoche. Mas ela filmou até 2007, cada vez com mais dificuldades.
A atriz sofria há vários anos do Mal de Alzheimer e se converteu num símbolo da doença depois de aceitar filmar o documentário “E Assim Vai a Vida”, de Nicolas Baulieu, que a acompanhou durante oito meses em 2007, retratando sua perda de memória. “Agora, a Annie já não sabe nada de Annie Girardot”, resumiu o cineasta no fim da obra.
Fez mais de 100 filmes e jamais será esquecida.






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