samedi, juin 18, 2011

Filme do dia:Uma doce mentira (Des vraies mensonges)

Um dos filmes que eu fui assistir no festival Varilux (posts sobre os outros virão logo ;) ) . A estréia foi no dia 10, no cinema  Odeon, no centro do Rio e contou com a presença da Atriz Principal, Audrey Tautou e o produtor, Phillipe Martin, seguido de um debate.

Confesso que fiquei em dúvida se iria, já que a sessão de "Potiche", com a presença de Catherine Deneuve foi no mesmo horário. No fim das contas o debate acabou pesando na minha decisão, já que a sessão de "Potiche" não teria um debate.

Acabei me arrependendo um pouco da decisão. Não por causa do filme, mas pelo debate. E não foi culpa dos convidados, que foram incrivelmente gentis e solícitos.

Para não me alongar muito: muitas perguntas bobas, ou sem-sentido, ou que nada tinham a ver com o filme que, teoricamente, estávamos lá para debater. Philipe Martin foi ignorado por uma boa parte do debate, e a maioria das perguntas foi dirigida à Audrey. Um número constrangedor de gente parecia não ter visto nenhum outro filme da atriz além de "O fabuloso destino de  Amélie Poulain", assim as perguntas variaram entre referências à esse filme e coisas bestas e genéricas como "qual o seu filme favorito?". Quando alguém se lembrou que o produtor estava ali foi para fazer perguntas que nada tinham a ver com a produção. Teve quem perguntou ao produtor se ele "tinha escrito o filme para Audrey" demonstrando de uma tacada só desconhecer a diferença entre o ofício do produtor e do roteirista e não fazer a mínima idéia de como se dá o processo de concepção e aprovação de um roteiro. Meio irritante a quantidade de perguntas que começavam com "eu sou estudante de cinema"...No mesmo clima "quero mostrar como eu sou cool" muita gente fazendo (ou tentando fazer) suas perguntas em francês... Por fim, o que mais me irritou foi que pouquíssimas intervenções do público tiveram alguma coisa a ver com o filme que era para ter sido tema do debate...

Como se diz "vergonha alheia" em francês? Enfim, sai no meio do debate, quando alguém teve a brilhante idéia de pedir a palavra para perguntar se a Audrey Tautou ia dar autógrafos. Para quem não conhece o Odeon, a sala do cinema tem cerca de 600 lugares e, naquela noite em particular, estava cheia ....E a pessoa resolve pedir uma distribuição de autógrafos que não tinha sido programada...

Enfim para que quiser ver o debate vários videos foram postados no Youtube (até porque parecia que todo mundo tinha um celular ou câmera na mão).

Maaaaaaas, a noite não foi um desastre completo graças ao filme!


"Uma doce mentira" não chega a ser um obra-prima cinematográfica, mas é um filme extremamente gostoso de assistir. Típico filme para ver quando a gente está precisando de um pouco de alegria nessa vida.


Émilie (Tautou) é sócia de um salão de beleza. Quando o filme começa ela está muito preocupada com a mãe, Maddy (Nathalie Baye, excelente!). O pai de Émilie, um artista plástico, se separou de Maddy quatro anos antes e já está com outra mulher e prestes a ser pai de novo. Maddy, que sempre foi a musa inspiradora do marido, está em depressão e Émilie tenta de tudo para melhorar o humor da mãe (sem muito sucesso).

No salão de Émilie trabalha Jean(Sami Bouajila), um tipo de faz-tudo. Jean é um sujeito reservado que esconde uma enorme sensibilidade e inteligência acima da média. Ele está perdidamente apaixonado por Émilie e lhe escreve, anonimamente, uma linda carta de amor. Mas Émilie, além de desconfiada, não é nem um pouco romântica e não dá a mínima. Mas a carta lhe dá uma idéia (que ela acha) genial: Émilie copia o conteúdo e envia para Maddy, esperando que "um admirador secreto" seja a solução perfeita para que sua mãe saia da depressão. Tudo dá certo, até que Maddy começa a esperar que seu apaixonado volte a escrever...

Muitos já disseram que os franceses não sabem fazer comédias românticas, e que esse seria um gênero tipicamente americano. Infelizmente já faz muito tempo que as comédias românticas americanas tem descido ladeira abaixo em termos de qualidade, criatividade e até humor. "Uma doce mentira" é uma excelente surpresa nos dois frontes: não apenas é uma comédia romântica tipicamente francesa, mas é uma exclente comédia romântica, coisa da qual os admiradores do gênero andam carentes.

Durante toda a exibição a platéia inteira riu às gargalhadas e com toda razão. Mais que uma comédia romântica o filme é uma ótima comédia. Tem um humor leve, despretensioso, calcado em situações rotineiras e cenas simples, sem afetação, que faz o riso vir naturalmente. Os personagens secundários são "escadas" formidáveis para os personagens principais, e vou confessar um carinho especial por Paulette, a recepcionista  meio tontinha interpretada por Judith Chemla. O trio de personagens principais dá um show a parte. Nathalie Baye (facilmente a melhor dos três)  interpreta uma Maddy problemática e frágil, que leva a filha à loucura mas conquista o público com sua doçura e vulnerabilidade. Jean é um herói de comédia romântica atipico, é romântico sem ser meloso, inteligente sem deixar de ser simpático, de caráter forte e, ao mesmo tempo, delicado. Sami Bouajila defende seu herói maravilhosamente bem no meio de um elenco excelente e quase inteiramente feminino. Tenho certeza que boa parte da platéia feminina saiu do cinema apaixonada por ele. Já Émilie é uma personagem cheia de nuances interessantes. Filha de dois artistas, ela é uma mulher prática e meio sem imaginação (fica bem claro na dinâmica com a mãe que ela teve que ser a adulta da casa bem cedo, e às vezes ela age quase como mãe de Maddy, só que de uma maneira bem desastrada), o que faz dela uma heroína improvável para um romance. Émilie é uma boa filha mas não consegue ter muita paciência com a mãe, além de ser bem manipuladora, meio cínica e completamente tapada com relação aos sentimentos dos outros. Mas fica bem claro que ela é uma boa pessoa e tudo que faz é tentando fazer o que acha que é certo.

Enfim, um filme para ver e rever, seja pelo humor (que os menos românticos também poderão apreciar), pelo romantismo absolutamente não meloso, ou pela "ambiance" e cinematografia( além do ritmo legal, estória bem desenvolvida e boa edição, o filme foi gravado na região da Provence no sul da França, o que rendeu todo um clima leve e alegre de verão.Com frio que anda fazendo no Rio, essa parte foi bem legal, hehehe)



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