jeudi, juillet 28, 2011

Filme do dia: Medo(s) do Escuro (Peur(s) du Noir

Quem me conhece sabe o quão frequentemente eu reclamo sobre a maneira como o público brasileiro trata a animação. O mito "desenho animado é coisa de criança" persiste na cabeça do brasileiro de maneira irritante e teimosa. É uma idéia burra na qual até pessoas inteligentes parecem acreditar. Isso me irrita ainda mais porque estamos vivendo uma época de extrema pobreza cinematográfica. Já perdi a conta de quantos remakes estão sendo produzidos, quantos scripts estão sendo reutilizados, e quantos argumentos simplisticos e idotas estão sendo adaptados para as telas. Estamos vivendo uma época em que Crepúsculo é considerado literatura, e os filmes baseados nessa obra são considerados cinema. E tem gente que ousa dizer que animação é infantil.

A verdade é que a animação tem uma capacidade para inovação e criatividade que os filmes "normais" parecem ter perdido faz muito tempo. Não estou falando de animações em geradas por computação feitas por grandes estúdios como Pixar ou Dreamworks (que logo se tornarão simplesmente "mais do mesmo", se é que isso já não aconteceu), mas a animação ainda pode ser apreciada em filmes que, mais afastado do circuito comercial, mantém um padrão artístico de qualidade técnica (sim, animação é arte) e, acima de tudo, conseguem atingir níveis de profundidade em termos de narrativa e temas que muitos diretores hollywoodianos não conseguiriam sequer entender.

Esse é o caso de "Medo(s) do Escuro.


Podemos rotular "Medo(s) do Escuro" como um filme de terror. Filmes de terror e filmes de animação compatilham um fardo comum: ambos são incompreendidos pelo grande público e considerados, de algum modo, inferiores aos outros estilos de produção cinematográfica. Se, em geral, "animação" evoca a idéia de "filme para criança", "filme de terror" nos faz lembrar de gente idiota fugindo de assassinos malucos e/ou monstros/vampiros/lombisomens etc. "Medo(s) do Escuro" desafia ambos os clichés e, mais que uma animação ou um filme de terror, trata-se de uma reflexão caleidoscópica sobre a própria natureza do medo. Talvez por isso mesmo acabe sendo um filme tão assustador.  

"Medo(s) do Escuro" é uma antologia de histórias não relacionadas, animadas em preto e branco, cada uma escrita e dirigida por autores diferentes, que lidam com o medo, ou melhor, com os medos(no plural) já que o medo, como qualquer sentimentos humano é pessoal e multifacetado. O medo do qual fala o filme é, portanto, apresentado em diversas formas e situações: um jovem que embarca num relacionamento psicótico com uma mulher muito estranha, uma garotinha assombrada por pesadelos demasiadamente reais, uma cidade assolada por um monstro misterioso,  um viajante que se abriga do frio numa casa abandonada, um velho aparentemente vindo de outro mundo com seus cães sedentos de sangue, monólogos desconexos sobre medos quotidianos...

Assitindo "Medo(s) do Escuro" no vemos confrontados com medos de infância na forma de monstros ou fantasmas, com os medo do dia a dia, como a solidão, a velhice, o abandono, o medo do outro, do sobrenatural, do desonhecido, de si mesmo...Até mesmo aquele medinho, aparentemente bobo, que bate depois de assitir um filme de terror, quando, no meio da noite, parece que tem alguém ou alguma coisa escondida na escuridão do quarto te observando.

E um aviso...assista o filme e o velho dos cachorros vai morar nos seus pesadelos... ;P


3 commentaires:

  1. à mon avi, a primeira vista seu blog parece legal!
    favoritei ;)

    RépondreSupprimer
  2. à mon avi, a primeira vista seu blog parece legal!
    favoritei ;)
    Lucas Pacheco*

    RépondreSupprimer